V HIV endo com dignidade e respeito


A Fé, o Tratamento Médico e os Remédios – Rev. Edson Cortasio Sardinha

06/05/2011 09:31

 

 

A Fé, o Tratamento Médico e os Remédios – Rev. Edson Cortasio Sardinha

 

A Fé, o Tratamento Médico e os Remédios

Edson Cortasio Sardinha[1]

Quando Jesus desceu do monte, grandes multidões o seguiam. E eis que veio um leproso e o adorava, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo. Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. No mesmo instante ficou purificado da sua lepra. Disse-lhe então Jesus: Olha, não contes isto a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho. (Mateus 8.1-4).

O Senhor Jesus realizou o milagre da cura sobre um leproso, mas exige que essa vá e se mostre ao sacerdote para que este pudesse examiná-lo e depois do diagnóstico, apresentar uma oferta segundo está determinado nos livros da Lei de Moisés. (Conforme Levíticos 13 e 14).

Os sacerdotes exerciam uma função de autoridade para determinar o estado de saúde do leproso, sua possível cura e até mesmo o agravamento da doença.

A cura divina continua sendo exercida por Deus. A Igreja Cristã (Ortodoxas, católicas e Protestantes) acreditam na cura divina.      

            Alguns filósofos desejaram negar a existência de Deus, mas acabaram o nomeando com outros títulos. Spencer dizia que a crença no Ser Absoluto era uma crença irresistível; Straus nega a existência de Deus, mas cultua o Cosmos, a quem atribui ordem, lei, razão e bondade; Haeckel afirma só existir a matéria, mas menciona um tal de Cosmos Universal.

            O escritor Vince Rause e o neurologista Andrew Newberg escreveram o livro: Por que Deus não vai embora? Andrew é professor da Universidade da Pensilvânia. Ele trabalhou a Teoria biológica da religião. Diz que há uma base neurológica para a fome de Deus. Andrew se baseia numa pesquisa iniciada pelo psiquiatra e antropólogo Eugene d’Aquili no inicio dos anos 70. Através de várias pesquisas, chegaram a criar uma tecnologia chamada de SPECT para mapear o cérebro de religiosos em oração. As tomografias fotografaram o fluxo sanguíneo – indicando níveis de atividade neural – no cérebro de cada indivíduo no momento em que atingiam um êxtase religioso. As pesquisas demonstraram que o sentimento religioso tem origem não na emoção ou no poder da sugestão, mas sim na fiação geneticamente estruturada do celebro. Por isso, numa época da razão, a religião prospera. A fiação do cérebro foi projetada para experimentar a realidade de Deus. O cérebro é capaz de experimentar duas realidades. Em uma delas, a percepção alcança a mente por meio do filtro do Eu. Na outra, o eu é afastado e a percepção da mente se amplia e se unifica. Isso é a conclusão das tomografias que observaram as atividades dos lóbulos parietais.

Os apologistas da Igreja buscaram explicação para a fé do ser humano. Aristides de Atenas (morto em 130) numa carta ao Imperador Adriano diz: “Depois de considerar o céu, a terra, os mares, o sol e tudo mais, admirei a ordem do mundo. Compreendi, com efeito, que o mundo – e tudo o que nele há – é movido necessariamente por outro, e entendi ser Deus quem move, o qual nele está escondido e lhe é oculto. Uma coisa é clara: o que move é mais poderoso que o movido”.

            São Justino (morto em 165) no seu diálogo com Trifão diz:      

__ E o que é que chamas Deus?  Perguntou.

__ Aquilo que sempre é o mesmo e se comporta da mesma maneira, e é a causa da existência dos outros seres: a isto chamo Deus.

São Teófilo de Antioquia (morto em 181) testemunhou: “Deus é percebido pelos que podem vê-lo depois que se lhes abriram os olhos da mente. Todos têm olhos, mas alguns só os têm velados, ficando inaptos para ver a luz solar. Se os cegos não vêem, não é porque a luz solar não brilhe: a causa está neles mesmo, em seus olhos.”

Para São Basílio (329-379) “A fé é, pois, um assentimento dado sem reserva ao que se ouve dizer, na convicção de ser verdadeiro tudo o que foi proclamado na graça de Cristo”.

            São Agostinho revela que o ser humano não consegue viver sem acreditar em Deus. Porque “Deus nos é mais íntimo que o nosso íntimo”. “Deus vive ocultamente na alma”. “Há em nós um homem interior e um homem exterior”.

            Segundo o Reformador Calvino, (século XVI) – “Todo o ser humano tem o titilar de Deus dentro de si”.

            O ser humano acredita em Deus. No momento da doença se agarra com mais força a fé no sobrenatural. Nós cristãos direcionamos a nossa fé para a pessoa de Jesus. Pela nossa fé acreditamos que Ele continua curando qualquer doença.

            Mas nós religiosos e clérigos não somos autorizados para declarar se uma pessoa foi curada ou não. Nós não podemos dar diagnósticos como os sacerdotes faziam. A sociedade está provida de médicos e cientistas que são agentes de Deus (os sacerdotes de Leviticos da Atualidade) para diagnosticar e medicar. É verdade que os erros médicos se agravam no mundo inteiro, mas ainda assim não temos autorização legal (nem na Palavra de Deus nem a legislação brasileira) para impedir que uma pessoa deixe o tratamento médico por causa da fé. Deus cura e serão os médicos com seus diagnósticos que mostrarão a cura operada por Deus. Somente eles devem ter a palavra de diagnóstico final. Isso não é falta de fé. É para dar testemunho, como Jesus disse ao leproso.

            Pior do que qualquer doença é a falta de fé. Quantas pessoas doentes são felizes, realizadas e otimistas por causa da fé? E quantas pessoas sãs no corpo estão doentes na alma? Além da cura física está a paz interior. Muitas vezes, pior do que a doença está a espera desesperada pela cura.  Deus cura. Podemos orar por cura, mas nunca desprezando o trabalho médico responsável.

Conheci várias pessoas que pararam o tratamento médico por causa da fé,  pioraram e acabaram morrendo. Uma senhora sofria de diabete. Simplesmente parou com os medicamentos crendo na cura e morreu em poucos dias. Um jovem em processo de hemodiálise parou com o tratamento e seu resultado foi à morte. Um rapaz recusou o tratamento médico para a cura da dependência química (era viciado em removedor de tintas). Fizemos de tudo para interná-lo numa clínica especializada. Não quis. Disse que Deus iria curá-lo. Infelizmente tive que fazer o ofício Fúnebre daquele jovem de 25 anos que morreu com overdose.

            Não recuse o tratamento médico. Não deixe um parente seu parar de se tratar. Se for o caso, troque de médico ou consiga mais de um diagnostico, mas não pare o tratamento. A fé em Deus não te autoriza parar. Deus não é menos Deus por causa da doença nem da morte. Ele continua sendo o Senhor. O avivalista pentecostal T.L. Osborn dizia que os médicos são parceiros de Deus no tratamento do ser humano. Vá ao médico confiando em Deus. A fé em Deus dará forças ao seu organismo. O pensamento positivo e confiante em Deus é um “santo” remédio. Mas nunca substitua os medicamentos sem a autorização de um especialista.

                A fé não te faz invencível diante das doenças. Ela te faz confiante no conforto e no consolo de Deus. 


[1] Teólogo, Pedagogo, Especialista em Ciência da religião, especialista em Liturgia e Artes Sacras, Pastor Metodista na cidade de Ji-Paraná – Rondônia – edsoncortasio@ibest.com.br

 

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